domingo, 24 de outubro de 2021

Programa de Apoio Direto à Inovação

Agricultores familiares da Bacia do Rio Miringuava, em São José dos Pinhais (PR), têm agora uma estufa a sua disposição como apoio na produção e distribuição de mudas, além de servir como laboratório de referência para o cultivo do morango e outras culturas. O espaço, inaugurado na sexta-feira (22/10), faz parte do Programa de Apoio Direto à Inovação (PADI), que tem aproximado 101 pequenos produtores de inovações para superar gargalos tecnológicos e de técnicas sustentáveis para aliar a agricultura com a conservação da natureza.

O programa é uma parceria do Sebrae/PR com a Fundação Grupo Boticário no âmbito do movimento Viva Água. O coletivo busca conscientizar e integrar atores de diferentes setores sobre a importância da bacia hidrográfica do Rio Miringuava, que beneficia diretamente cerca de 600 mil pessoas da Grande Curitiba, incluindo indústrias e produtores agrícolas. A partir da melhoria da infraestrutura natural e do fomento de negócios com impacto socioambiental positivo, o movimento visa contribuir com a segurança hídrica e com a adaptação às mudanças climáticas – dois grandes desafios a serem enfrentados e superados também pelos pequenos produtores.

Nessa direção, algumas das inovações trazidas pelo PADI são o repasse de tecnologia e capacitação dos agricultores, o acesso a mercados de produtos sustentáveis, a capacitação e acesso à tecnologia bioecológica para controle de pragas e a sustentabilidade econômica das inovações.

Durante o programa, foram realizadas 18 oficinas com os produtores rurais, por meio de ações individuais e coletivas, para disponibilizar conhecimentos de agricultura familiar de alto desempenho, com técnicas de preservação da qualidade da água, do solo e da biodiversidade. Foram introduzidas novas práticas de manejo e cultivo sustentável, implantação de técnicas de gestão e controle da propriedade e apoio ao desenvolvimento de novos produtos, com maior valor agregado.

 
A estufa é uma das 18 unidades de referência implantadas durante o projeto. No espaço, os agricultores de toda a região podem ter acesso a informações, insumos e equipamentos para o cultivo do morango – produto com grande potencial na região, e outras frutas vermelhas, como amora, framboesa e mirtilo. Pronto para receber treinamentos e oficinas práticas, o local também estará aberto para a realização de testes de manejo, com o uso de diferentes espécies de morango, para aprimorar técnicas de cultivo.

A unidade de referência tem como objetivo a avaliação das tecnologias e das práticas indicadas pelos especialistas. Com base nos primeiros resultados, o processo poderá ser replicado por meio da realização de eventos e atividades que permitam a difusão dos novos conhecimentos tecnológicos”, comenta o gestor do Sebrae/PR em São José dos Pinhais, Marcelo Cantero de Castro.

Outro benefício da estufa aos produtores locais será a distribuição mensal de cerca de 33 mil mudas de hortaliças e frutos, como brócolis, couve-flor, repolho e maracujá, com plano de ampliação para 2022. O espaço será administrado pela Coop Hort, cooperativa de agricultores familiares parceira do movimento Viva Água.


Dores dos pequenos produtores

A necessidade de adaptação aos eventos climáticos extremos provocados pelas mudanças do clima, a falta de planejamento e diversificação produtiva, os danos causados por doenças e pragas, a baixa assistência técnica e práticas agrícolas pouco utilizadas e difundidas são alguns dos gargalos dos pequenos produtores que o PADI se propõe a contribuir e enfrentar.

O apoio ao produtor familiar é fundamental para que novas práticas e tecnologias sejam agregadas aos cultivos. Dessa forma, além de trazer maior valor às produções e gerar mais renda, as novas práticas também trazem a premissa de serem mais sustentáveis, o que também beneficia o meio ambiente e a segurança hídrica”, afirma o gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário, Guilherme Karam.

O produtor José Augusto Zanchetta, da comunidade Campina do Taquaral, São José dos Pinhais, faz parte da quinta geração familiar que mantém viva a tradição na produção de uvas. Ele buscou o programa com o objetivo de transformar sua propriedade em um espaço modelo, que une turismo, gastronomia e produção rural. “As novas técnicas me ajudaram bastante, principalmente na poda das árvores frutíferas, algo que possuía dificuldade”, esclarece. 

Zanchetta conta que conseguiu elaborar projetos para a produção de uma horta que funcione no esquema ‘colha e pague’. Além disso, diversificou sua produção e criou uma oficina de compostagem. 

O programa me ajudou a construir tudo isso. Consegui criar um ciclo, onde as cascas de frutas e legumes vão para a compostagem, se tornam adubo, auxiliam no crescimento de novas produções e da horta. As técnicas já estão me auxiliando a diminuir custos e a facilitar a rotina do dia a dia”, completa.

Maisa Lima de Amorim, agricultora orgânica há 5 anos na Colônia Murici, em São José dos Pinhais, diz que o processo de orientação foi fundamental e já nota benefícios em sua produtividade e na otimização do tempo. “Foram realizadas oficinas que me ajudaram a conhecer novas técnicas e ferramentas que diminuem a mão de obra no processo de plantio. Além disso, consegui elaborar o manual de boas práticas de fabricação de acordo com o meu negócio e também tive auxílio a um projeto, com maquinário ideal, para a construção de uma cozinha industrial”, finaliza.

Serviço

A estufa do Programa de Apoio Direto à Inovação / Movimento Viva Água fica na Rua Francisco da Cruz, 120, bairro Campo Largo da Roseira, em São José dos Pinhais (PR). Para ter acesso aos recursos da estrutura, o produtor precisa agendar um horário pelo telefone (41) 99179-7575. - Fotos Inove Fotografia e Ass.Imp. Sebrae


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