A
técnica em enfermagem, Maria Olinda Alves Stoco, perdeu a conta de
quantos pacientes já atendeu em duas décadas como profissional da
linha de frente do sistema de saúde. Hoje, com 51 anos, ela dedicou
quase metade de sua vida a salvar a dos outros, sem nunca esquecer o
porquê de ter escolhido essa profissão, a qual chama de “chamado
divino”. Com uma dedicação ininterrupta de 23 anos, a
profissional faz parte do quadro de funcionários do Hospital
Universitário Cajuru (HUC), instituição com atendimento 100%
Sistema Único de Saúde (SUS), em Curitiba (PR), que completa 63
anos no próximo dia 30 de agosto.
“Assim
que terminei o curso de enfermagem, em 1998, o Hospital me acolheu de
uma forma muito fraterna. Desde então, o hospital tem sido a minha
segunda casa, onde fiz amizades, aprendi e continuo aprendendo muito
a cada dia, mesmo após tantos anos. Por ser um ambiente
universitário, a troca de conhecimento e experiências é muito
grande. Olhando para trás, vejo que evoluí consideravelmente, como
pessoa e profissional, desde a primeira vez que entrei por aquelas
portas”, relembra.
Em
meio a tantas experiências e histórias, que se confundem com sua
própria vida pessoal, já que até mesmo um de seus filhos trabalhou
no hospital, Maria Stoco recorda com carinho os laços afetivos
criados com colegas e pacientes. “Eu já cuidei de muita gente, não
sei o número exato, mas algumas histórias nunca saem da minha
cabeça. Uma vez, por exemplo, eu estava no ônibus, a caminho do
trabalho, quando fui abordada por um senhor. Simpático, perguntou se
eu me lembrava dele, mas disse que não. Então ele me abraçou e
disse que, cinco anos antes, o tratei muito bem, quando esteve
internado no Hospital. Ele disse que eu o ajudei a salvar sua vida.
Aquilo me emocionou, pois meu trabalho o tocou de tal forma que ele
lembrava do meu rosto após todo aquele tempo. É por isso que, mesmo
durante a pandemia, nós seguimos na linha de frente da saúde. Todos
nós, que estamos nesse trabalho, amamos nosso ofício e somos gratos
por isso”, conta emocionada.
Superação
Enfermeira
do Centro Cirúrgico do Hospital Universitário Cajuru, Nadira
Francisca dos Santos viu a instituição como uma porta de entrada
para uma nova realidade em sua vida. “Eu venho de uma família
pobre, que morava em terrenos de ocupação irregular. Trabalhei
muito tempo como diarista para poder sobreviver. Quando concluí meu
curso de auxiliar de enfermagem, o Hospital me deu uma oportunidade e
mudou completamente a minha vida. Hoje, tenho condições de ter a
minha casa própria, meu carrinho e posso comprar carne para o meu
filho. Tudo isso com o fruto do meu esforço para mudar minha
realidade”, comemora.
Há
16 anos como funcionária do HUC, Nadira é pós-graduada com foco em
Central de Materiais e Centro Cirúrgico pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR) que, assim como o HUC, faz
parte do Grupo Marista. “Já trabalhei em outras instituições,
mas o Hospital Universitário Cajuru é diferente. Sempre falo para
os meus colegas que essas paredes têm algo mágico, que eu não sei
explicar. Acho que o olhar humanizado é o nosso grande diferencial,
pois você sente que a instituição é uma família. Sinto prazer e
realizada aqui dentro, pois sempre tive oportunidades de crescer.
Comecei como auxiliar e fui ‘subindo os degraus’, sempre atenta
aos cursos oferecidos pelo Hospital aos seus colaboradores”,
completa.
Incentivo
à solidariedade
Atualmente,
o Hospital Universitário Cajuru conta com 944 colaboradores, 309
voluntários, 308 médicos e 110 residentes. Por ano, a instituição
realiza em média 147 mil atendimentos, entre internamentos,
urgências e emergências, cirurgias e consultas ambulatoriais. E
para celebrar seus 63 anos, o HUC promove uma live comemorativa no
dia 30 de agosto, às 19h30, no canal do YouTube do hospital e
contará com chat ao vivo, depoimentos de voluntários, enfermeiras,
pacientes e estudantes de medicina. Durante o evento, será lançado
o “Amigo Essencial do Cajuru”, um programa de incentivo à doação
para o Hospital.
“O
Hospital Universitário Cajuru é uma instituição feita por pessoas
que amam atender ao próximo. E a conscientização da população e
da sociedade como um todo na arrecadação de fundos para a
manutenção desse serviço, que hoje tem um déficit de cerca de R$
1,5 milhão ao mês, é essencial”, comenta o diretor do hospital,
Juliano Gasparetto. Os voluntários do hospital, que fazem parte do
projeto que completa 15 anos em 2021, também serão homenageados
para marcar ainda o Dia do Voluntariado (28/8).