Mas
como tudo isso começou? Em 2009, aos 26 anos, mesmo com um emprego
bem estruturado como bancário, Araújo Netto sentiu que era a hora
de empreender. “Apesar de ter uma carreira financeiramente estável,
todo funcionário tem medo de perder o emprego. Então resolvi
investir na gastronomia para ajudar meu pai, que na época estava
precisando, e também para ter um plano B, caso as coisas dentro do
banco não dessem certo”, comenta. Dessa vontade, nasceu o
Quermesse, bar temático de festas do interior. “O que existia na
época era uma divisão bem clara entre restaurante e butiquim,
tinham poucos bares temáticos em Curitiba”, conta.
A
aposta foi no diferente -- não apenas nos quesitos decoração e
cardápio, mas também na localização, visto que o bar nasceu no
bairro Bom Retiro, longe do centro gastronômico habitual da cidade,
que era restrito ao Batel e à Rua Trajano Reis. Pouco tempo depois,
com o aumento das restrições de bebida alcoólica e volante, o
comportamento do público começou a mudar, e cada vez mais pessoas
começaram a buscar entretenimento perto de casa. “O bar não
estava no point da cidade, mas tinha o tamanho que eu queria. Foi um
feeling, eu senti que o negócio poderia dar certo ali naquele
lugar”, ressalta. Junto dos bares Jacobina, Cana Benta e Taco, o
Quermesse foi pioneiro na tendência.
Também precursor do movimento de comida de rua em Curitiba, em 2012, Araújo Netto decidiu abrir o Espetinhos Quermesse, na Rua Mateus Leme, como uma tentativa de usar um nome já consolidado na gastronomia curitibana para abrir um negócio com menos mão de obra. “Estabelecimentos sem garçom já eram comuns em Belo Horizonte, por exemplo, mas aqui era algo surreal. Era estranho pro cliente ter que ir até o balcão fazer seu próprio pedido e, depois, ir retirar”, conta. No mesmo ano, o Pizza também nasceu com o mesmo formato de negócio. Em seguida, chegou também o Whatafuck.
No
ano seguinte, devido ao nascimento da filha e a dificuldade de
conciliar a vida pessoal com o trabalho noturno, o empresário
precisou fechar o Espetinhos Quermesse. No mesmo lugar, abriu um
buffet por kilo na hora almoço, o Tii-Zé, que em mineirês
significa ‘Tio Zé’. “O horário diurno me permitiu dar mais
atenção ao estabelecimento, que hoje já atende em média 300
almoços por dia, de segunda a sexta”, destaca. No mesmo ano, com o
desejo de ampliar seus investimentos, Araújo Netto abriu uma filial
do Quermesse em Belo Horizonte, em sociedade com o tio, que mora na
capital mineira.
Em 2014, o empresário pediu demissão do banco e abriu mais um restaurante, o MIA Trattoria Criativa, no Centro Cívico. “O modelo tradicional de atendimento dos dois estabelecimentos que eu já tinha estava dando certo, mas eu queria algo mais simples, assim como era o Espetinho. Então criei um restaurante em que o cliente chega, pega uma ficha, assinala como quer sua massa, entrega direto no balcão e depois é chamado através de uma senha”, conta. No primeiro ano, o MIA recebeu várias indicações de restaurante revelação por ter um formato diferente e inovador de trabalhar com comida italiana. Apesar de ter toda a estrutura de um restaurante convencional, o grande diferencial era a ausência de garçons.
A
partir desse momento, a mente inquieta de Araújo Neto começou a
girar em torno de um único objetivo: criar empreendimentos com o
menor número de funcionários possível. “Percebi que replicar um
modelo de negócio com o do Quermesse para outras cidades era muito
difícil, principalmente em questão de treinamento de cardápio”,
diz. “O MIA foi um grande aprendizado, porque eu entendi que esse
formato com menos funcionários funcionava bem e que do ponto de
vista de custos as contas fechavam melhor”, complementa.
“Eu sabia que queria criar algo que me desse menos trabalho, e nessa época ainda estava despontando o movimento dos food trucks”, destaca. “Um dia, em um evento de barraquinhas gastronômicas, percebi que a única que estava sempre cheia era a de chope. Foi aí que decidi criar um food truck de chope artesanal”, conta. Nesse momento nasceu o Mr. Hoppy, uma kombi de chope para eventos de food truck. “Durante 1 ano fizemos muitos eventos, até que no final de 2015 o mercado já tinha sido dominado pelas grandes cervejarias, então não tinha mais espaço para a kombi”, comenta.
Com a
dificuldade, surgiu a oportunidade: transformar a casa onde
funcionava o Tii-Zé em um estabelecimento híbrido. “Um na hora do
almoço e outro durante a noite”, diz. “Tivemos que fazer algumas
adaptações, principalmente na iluminação, mas o investimento foi
mínimo”, ressalta.
A kombi se transformou em um bar com 15 torneiras de chope artesanal e quatro opções de hambúrguer a R$ 10. Para diferenciar os ambientes, além da troca de iluminação, Araújo Netto não dispunha muitas mesas a noite, para manter os clientes consumindo de pé, sem a necessidade de garçons. “Mesmo já existindo alguns lugares neste formato, o modelo sem garçom ainda sofria rejeição. A solução para chamar público foi oferecer um cardápio barato, sem cobrança de 10% e com música ao vivo de graça”, explica. Menos de 6 meses depois, nasceu o Porks.
“Surgiu
a oportunidade em BH de montar um novo negócio muito próximo a uma
unidade Mr. Hoppy, então pra aproveitar o pronto eu criei o Porks,
seguindo o mesmo modelo operacional, mas com cardápio típico
mineiro: repleto de carne de porco”, ressalta. Logo no início, o
bar mineiro fez sucesso. Em seguida, o Porks já estava também em
Curitiba. “Encontrei o ponto comercial onde hoje é o Porks Museu
do Olho e, como também estava próximo de uma unidade Mr. Hoppy,
resolvi trazer a novidade pra cá”, destaca.
Na
época, o MON ainda não era um point jovem como é hoje. Tinham
apenas alguns eventos aos finais de semana que movimentavam a região
pontualmente. Contudo, após uma viagem para Amsterdã, Araújo Netto
observou a quantidade de bares ao redor do Museu do Vangog e decidiu
apostar na importância do ponto turístico. Por quatro anos, de 2016
a 2020, o empresário focou todos os seus esforços em expandir
nacionalmente as duas redes de franquias: Mr. Hoppy e Porks -- Porco
& Chope. No período, Araújo Neto se consagrou como o maior
vendedor de chope artesanal do país, com mais de 300
mil litros comercializados
mensalmente.
Inquieto
e sempre em busca de novas possibilidades, em 2020, antes de começar
a pandemia no Brasil, Araújo Netto criou o Bar do Açougueiro, com
mesmo conceito de serviço, mas estruturalmente diferente. “Todos
os empreendimentos que crio tem a minha cara, e com 38 anos eu já
não tinha mais vontade de beber em copo de plástico e comer em pé.
Então apostei em um bar de churrasco com mesas altas e cardápio
robusto”, aponta. “Percebi que em São Paulo estavam sendo
inaugurados diversos pubs de churrasco americano. Vi a tendência e
adaptei ao meu gosto, um bar de churrasco brasileiro com picanha,
maionese de batata e linguiça”, acrescentou confiante.
Mesmo com as dificuldades enfrentadas devido a pandemia, o empresário não parou. Desde março de 2020, a rede Porks abriu 27 novas unidades e aumentou em 350% sua produção mensal. “Só de bacon e torresmo, cada unidade Porks chega a comercializar 800kg ao mês, totalizando 24 toneladas em toda a rede”, destaca o empresário. Além disso, nenhum empreendimento precisou ser fechado.
Já no final de 2021, ele abriu seu mais recente empreendimento, o Fish*Me, bar focado em peixes e frutos do mar. “Está vindo uma onda forte de empreendimentos que oferecem churrasco de parrilla de frutos do mar. Apostei na novidade, mas como sempre de forma diferente. Priorizei fugir do conceito mediterrâneo tradicional dos restaurantes de fruto do mar e montei um bar no estilo dos pubs americanos, mais descolado e divertido, pra democratizar o consumo desses itens”, diz. Em 2022, ele deu início ao processo de franchising do Fish*Me. “Podem esperar boas novidades em breve”, finaliza José Araújo Netto. - Crédito da foto P+G Comunicação Integrada.
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