O projeto APRENdiz POESIA, organizado pela Itaipu Binacional em parceria com o Grupo de Trabalho (GT) Aprendizagem, trouxe para Foz o rapper Renan Inquérito – que também é escritor, poeta, professor e doutor em Geografia – e o cantor Pop Black, produtor musical e psicólogo. O objetivo? Falar com os jovens usando a linguagem deles. “Não à toa, dentro da palavra aprendiz, temos a palavra ‘diz’, porque os jovens têm muito a dizer, e a arte é uma forma de fazer isso”, disse Inquérito.
A cada encontro, os jovens debatiam algum texto, música ou poesia e, ao final, produziam algo relacionado à conversa. “A temática central dos textos dos debates e das discussões é sempre a aprendizagem, os sonhos e o futuro”, explicou o rapper. Durante a semana, os jovens escreveram cartas para eles mesmos no futuro, elaboraram um “dicionário do coração”, criaram e gravaram um rap e um videoclipe, que será lançado em breve, e ainda produziram um livro artesanal com técnicas de serigrafia e cartonagem.
Passada a fase da timidez, o trabalho com os jovens fluiu. “Jovem é aquela coisa, fica no casulo. Mas se você falar, vem! Com cuidado e jeitinho, ele vem”, brincou Pop Black. “Porque o jovem só quer ser ouvido. E, quando ele tem uma oportunidade como essa, não podemos agir do jeito ‘você vai fazer isso ou aquilo’. A gente só quer te ouvir. E ouvindo, o vínculo vem. É extraordinário”, garante.
“Eu acredito que a arte pode mostrar um caminho, ela pode fazer com que os jovens encontrem alguma identidade, ou até mesmo ressignifiquem o caminho e a profissão que já escolheram. Muitos já são bem decididos do que querem, mas com um toque de arte, serão profissionais mais coloridos, talvez mais humanos, mais afetivos”, afirmou Inquérito.
É o caso de Nicholas Delvecchio Santos, de 16 anos, que quer fazer Medicina Veterinária. Segundo ele, a experiência o ajudou bastante, “porque a poesia e o rap ajudam muito a falar, a conversar mais com as pessoas, a interagir mais com elas. Isso vai me ajudar na minha carreira ou na minha vida”, disse.
Miriã Rocha Brizola, de 14 anos, nem gostava de rap, mas também aproveitou ao máximo a oportunidade. “Estou aprendendo bastante coisa. Acho que eles estão trazendo uma visão diferente sobre o rap, porque muitas vezes não é aquilo que eu estava acostumada a saber ouvir. É muito bom, muito construtivo para mim”, disse ela.
Fora da caixinha
A ideia do APRENdiz POESIA é inserir os adolescentes em um processo criativo, literário e musical, a partir de atividades que explorem a liberdade de expressão, considerando o universo do próprio jovem e suas visões. “Embora estejamos trabalhando com temáticas relacionadas à realidade deles, trabalhamos de uma forma um pouco diferente, um pouco menos, vamos dizer, burocrática. Eles podem extrapolar, sair um pouco da caixinha”, explicou Renan Inquérito.
“Essa experiência foi bastante importante, porque propiciou a eles demonstrar que são capazes e que são protagonistas de toda uma história”, avaliou o presidente da Guarda Mirim de Foz do Iguaçu, Hélio Cândido do Carmo. Tudo isso, por meio do diálogo e da arte.
“Acredito muito na arte. Acho que é pela arte que o ser humano mais consegue se expressar. A arte é a mola propulsora pra tirar a gente do anonimato de nós mesmos. Então a arte, para mim, é a mola propulsora que empurra esses jovens para o futuro”, finalizou Pop Black.
Semana Nacional da Aprendizagem
A ação faz parte do calendário local da Semana Nacional da Aprendizagem, celebrada no mês de agosto. Durante todo o mês, diferentes organizações que atuam na profissionalização e inserção do adolescente no mundo do trabalho, na condição de aprendiz, promovem iniciativas diversas para marcar o momento.
Em Foz do Iguaçu, o GT Aprendizagem decidiu realizar um projeto que envolvesse os adolescentes atendidos por essas organizações. A Itaipu Binacional, por meio do Programa PIIT, compõe o grupo de trabalho. Além da contratação dos adolescentes aprendizes, a empresa participa e atua preponderantemente no apoio institucional e operacional às diversas iniciativas de promoção e garantia de direitos humanos de crianças e adolescentes na região.
De acordo com Ortiz, Coordenador do Programa PIIT, “O APRENdiz POESIA resulta de uma ação coletiva, em rede. Nós acreditamos que o direito à profissionalização só pode ser garantido se pudermos garantir o desenvolvimento integral do adolescente, seu acesso à saúde, à educação, ao lazer, à cultura, à informação, à participação social e política.” Crédito: Sara Cheida/Itaipu Binacional
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