sábado, 12 de novembro de 2016

“Vai curinthia”

Recentemente recebi convite das importadoras Porto a Porto e Casa Flora para visitar algumas vinícolas de Portugal e Espanha, que fazem parte do respectivo portfólio. Afinal, depois de algumas décadas como repórter e editora de turismo da Gazeta do Povo, pela primeira vez faria viagem onde o foco era conhecer vinícolas. Éramos um grupo de 16 pessoas. 

A expectativa era grande. Mas nunca imaginei que do começo ao fim da viagem, viveria situações inimagináveis. Nenhum voo foi dentro da normalidade, antes ou depois do desembarque. A começar pela saída em São Paulo com destino a Lisboa e aos voos internos, para Madrid e Barcelona. Aconteceu de tudo e mais um pouco.
De São Paulo para Lisboa alguns dos companheiros, mesmo com a passagem correta, não constavam na lista de embarque da TAP (eu estava entre eles). Outros, que haviam feito o check-in, ao embarcar apareceu como bilhete inválido.E as horas passando. Depois do desgaste de quase 6hs entre idas e vindas, deu tudo certo. Chegamos ao destino e começamos as visitas. Essas serão capítulos á parte.
Depois de alguns dias conhecendo as belezas dos vinhedos e delícias dos vinhos e comidas portuguesas, o destino seria Madrid pela Air Europa. Foi então que, no check-in, alguns integrantes do grupo ficaram sabendo que não tinham direito à bagagem. Ninguém entendeu nada. No bilhete constava 0PC, ou seja zero volume. Tiveram que pagar 30 euros para poder levar a bagagem. Ao mesmo tempo, uma companheira foi agraciada com upgrade na primeira classe. Enfim embarcamos. 

Já acomodados sentimos que faltava gente do grupo. E, não é que um companheiro levava na bagagem de mão uma faca e um garfo que foi identificado na segurança e teve que se fazer BO. Vichi!! 

Depois de muito atraso o voo saiu com destino a Madrid. Chegamos à noite, porém algumas malas não chegaram (inclusive a minha). Mais confusão no balcão da companhia Air Europa, principalmente porque as malas seriam entregues somente na segunda-feira (chegamos sexta-feira) e a empresa que faz este serviço é terceirizada e não trabalha no sábado e domingo.  Solicitamos (para não dizer que exigimos) que as malas estivessem no aeroporto no dia seguinte, pela manhã, e que iríamos buscá-las. 

Assim foi feito. Às 11hs lá estávamos já que ás 11h40 chegaria o voo que traria as bagagens. Ufa, chegaram. Com está confusão fomos compensados com um kit sobrevivência da Air Europa: uma camiseta, um pente, uma escova, creme dental e até desodorante.

Mas sabe o legal de tudo isso? Quando entrávamos no ônibus que nos transportava entre as vinícolas, era só zueira. Brincadeiras até com os anfitriões que muitas vezes também estavam no ônibus conosco. Cantores se revelaram e “Faroeste Caboclo” tornou-se o hino oficial seguido do sonoro “vai curinthia”.

Na Espanha, mais vinhedos e vinícolas encantadoras. Os dias se passavam e os laços de amizade tornavam mais forte.
Estavámos em Barcelona e chegava o dia de voltar ao Brasil. O grupo começaria a se dividir. O voo seria de Barcelona para Lisboa com troca de avião ao destino final. Todavia três continuavam em Barcelona e depois seguiram para Amsterdã.

Tão pensando que acabou? NÃO. Eu, já estava definido que ficaria em Lisboa, porém uma das companheiras cujo voo seria Lisboa/Rio de Janeiro, e não Lisboa/São Paulo como os outros, teve seu voo cancelado. 

A conexão para São Paulo seria quase que imediata. E como ficaria para o Rio da companheira Simone Meirelles? Aqui a confusão até que foi mais fácil. Simone conseguiu trocar o bilhete e ficar comigo em Lisboa. Aproveitamos o máximo, eu recordando lugares que conheci quando reporter de turismo, ela visitando pela primeira vez. 

Chegou o dia de voltar. Tudo dando certo. Até o tax-free foi uma tranquilidade.
Enquanto esperavamos pelo embarque, ouvi meu nome no alto-falante do aeroporto e pensei comigo: um homônimo. Continuei conversando com uma brasilera que estava ao meu lado e, mais vezes, o nome no alto-falante. Foi quando minha amiga disse: Marian tão te chamando no balcão da TAP. 

Procurei prestar atenção e novamente: Sra. Marian Guimaraes, do voo 073 com destino ao Rio de Janeiro, favor comparecer ao balcão da TAP.  Meu coração veio parar na boca. Em segundos passam mil coisas pela cabeça. Felizmente era para ver se trocaria meu lugar com uma senhora que tinha pânico de avião. A poltrona seria a 46, mas de pronto o atendente disse que poderia me colocar na 23, que estava vaga. Concordei. Seu marido meu agradeceu muito, etc etc.

Mas, quando entrei o avião vi o rapaz que trocou o lugar comigo ao lado de uma nada convencional esposa. Era uma tremenda pirigueti que nada tinha de síndrome de pânico. Deu vontade de fazer um “barraco”. Olhei firme para o casal, ele ficou todo desconcertado.

Já acomodada, peguei o celular e fui ver a mensagem que um dos integrantes do grupo (Gustavo) havia nos mandado. Uma homília do Papa Francisco. Li novamente (como tenho feito quase todos os dias) e fiz afinal uma viagem maravilhosa.

Chegando ao Brasil, ao fazer o check-in para Curitiba disse ao atendente que eu não havia gostado do ocorrido em relação à troca de lugar e do subterfúgio utilizado. Sabe o que ouvi? - Isso é muito comum com os brasileiros que tem lugares marcados na traseira do avião. Eles sempre inventam alguma coisa para fazer troca. Aprendi mais uma e também voltei a lembrar da homilia do Papa Francisco “Ser Feliz”.  

Valeu Porto a Porto e Casa Flora

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