sábado, 3 de dezembro de 2016

A união faz a força

A expressão "a união faz a força" - com perdão ao clichê - é a melhor definição que encontrei para a adega Provam que visitei em Portugal a convite das importadoras/parceiras Porto a Porto e Casa Flora. São elas que colocam no mercado brasileiro os vinhos da Provam (Produtores de Vinhos Alvarinho de Monção), localizada na simpática cidade de Monção à beira do Minho. Esta região produz excelentes vinhos verdes,os melhores de Portugal, podem ser brancos ou tintos.
A visita foi ciceroneada pelo enólogo Abel Francisco Condesso e João Marques diretor comercial da Provam. Um delicioso e inesquecível passeio entre alamedas de toneis e barricas de carvalho francês onde a grande estrela foi o Alvarinho. Na foto ao fundo Joâo Pensin (Porto a Porto) e de camisa vermelha Thiago Torres(Casa Flora), atentos às explicações.
Degustamos vinhos diretamente de tonéis. Isso mesmo. Alguns produzidos recentemente ainda em fermentação e outros já prontos para engarrafamento. Provávamos e descartávamos (sim, no plural, estávamos em 16 pessoas) em um balde improvisado já que seriam muitos vinhos a provar. O frescor era permanente. Aroma, corpo e sabor impecáveis. 

Todo bom vinho seja ele branco ou tinto, deve ter frescor. Considero essa adorável característica como a própria alma da bebida e foi assim, por entre inúmeros tonéis da adega da Provam encontramos esse frescor.

A Provam surgiu da união de 10 viticultores da sub-região de Monção e Melgaço que decidiram, em 1992, se unir e construir uma adega moderna e funcional. Tudo muito bem planejado. Vinte cinco do percentual seriam uvas (e são) de vinhedos dos sócios e as restantes adquiridas de viticultores da região. Deu certo. 
Técnicas modernas foram introduzidas para fazer a virada de garrafas de espumantes. Programada em espaços alternados, ela faz o giro com as garrafas permitindo que a levedura deposite no gargalo, posteriormente faz a retirada e finaliza a bebida. (foto cedida por Márcia Toccafondo).
Na manhã seguinte havia um passeio de rafting pelo Rio Minho, cerca de duas horas, declinei. Quem foi adorou. As companheiras Gilza Severo, Roberta Chies, Marcia Toccafondo, também declinaram. Sendo assim deveríamos ficar no centro de treinamento esperando pelo grupo. Mas o atencioso enólogo Abel Francisco Condesso se propôs nos levar até o parque Lamas de Mouro, situado no Parque Nacional da Peneda-Gerês uma das maiores atrações naturais de Portugal. Estende-se das montanhas Gerês, ao sul e à fronteira espanhola, ao norte; no povoado visitamos o Santuário Nossa Senhora da Peneda, cercada de pedras enormes (serão matérias à parte). Adoramos.
Na área gastronômica tivemos jantar no restaurante do Hotel Convento dos Capuchos, onde estávamos hospedados. O cardápio sob a batuta do chef Marco Conde e vinhos da Provam. Tudo perfeito. De entrada um mix de folhas verdes, pequenos legumes e alcachofra harmonizado com o espumante Côto de Mamoelas. Simplesmente fantástico. Encorpado e seco, de elegância notável onde se sente fruta madura. Não conhecia. Recomendo.
O bacalhau ao forno servido com um purê de batatas teve sabor realçado pelo Vinha Antiga, que ainda não chegou ao Brasil. De acidez elevada, reune aroma potente deixando na boca uma sensação duradoura. 

Depois foi a vez da vitela grelhada. Estava no ponto certo. Leve e não substanciosa demais. Harmonização com o Varanda do Conde, castas Alvarinho e Trajadura, combinação mais tradicional das castas brancas da região. De acidez gostosa, lembrando frutas tropicais e delicadas, com teor alcoólico 12%, com potencial de guarda 3 anos.Com a vitela também foi servido o Portal do Fidalgo 100% casta Alvarinho. Sem passagem por madeira, apresentou muito frescor. Toques florais, final persistente, confirmando mineralidade. Muito bom.
De sobremesa, bolo de amêndoas e queijo acompanhado de sorvete elaborado com vinho Alvarinho, exclusividade do chef. Bom demais. 
O almoço de despedida foi no restaurante Adega do Sossego que tem indicação no Guia Michellin. Ambiente acolhedor e rústico, atendimento simpático, comida e vinho melhor ainda. De entrada uma mesa farta de embutidos, queijos e bolinho de bacalhau. 
No cardápio cozinha caseira que mantém a regionalidade.
Num papo descontraído sobre vinhos com um dos atendentes da casa surgiu a conversa sobre Vinho Verde Tinto, que muitos de nós não conhecíamos no paladar. E não é que ele foi buscar o Vinho Verde Tinto que chegou numa tigela - é assim que serve este vinho -, olhamos meio ressabiados. Gustavo Carvalhal (Casa Flora) um dos integrantes do grupo meio relutante se habilitou em provar. E não é que depois a fila andou. Até eu coloquei a cara na tigela. 
Na bagagem duas lembranças: o Coca (dragão) que ganhamos da Provam. Coca é símbolo na festa de Corpus Christi, realizada em junho, quando São Jorge o enfrenta num combate ritual cômico; o lenço tradicional do Minho adquiri no passeio ao Lamas de Mouro.
Em Monção ficamos hospedados na área nova do Convento dos Capuchos. Como reporter é sempre fuçador, procurei conhecer a área antiga. Um belíssimo conjunto do século XVIII, de janelas manuelinas, onde os quartos são ex- celas dos monges, oferecem toda infraestrutura de conforto: frigobar, televisão, cofre, secador de cabelo, ar condicionado, suporte para malas, etc. O hotel tem spa, piscina, quadra de tênis, entre outras áreas de entreterimento. Fica na Rua Caminhos dos Capuchos, 4950-527 no centro de Monção. Recomendo.
Mais uma vez só posso dizer: obrigada Porto a Porto e Casa Flora. Viajar é muito bom e recordar é ser feliz.

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