sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Filipa Pato: a enóloga do ano 2020!

 

No ano em que comemora 20 anos de sua vinícola, Filipa Pato é eleita a Enóloga do Ano 2020 pela “Revista de Vinhos”, publicação conceituada de Portugal. Seus vinhos também atingiram excelentes pontuações na revista Wine Advocate, do crítico Robert Parker, e estão no Top 100 da publicação.

 Ficamos muito felizes de ver o esforço de anos reconhecido”, diz a enóloga. “Arriscamos muito quando acreditamos que era possível trabalhar com biodinâmica na Bairrada, quando apostamos na casta Baga em exclusividade nos tintos, mas era o que fazia sentido na nossa filosofia de vinhos autênticos, sem maquilhagem. Fomos resilientes durante muitos anos e o resultado chegou com o reconhecimento pela imprensa nacional e internacional”, completa.

A enóloga elabora vinhos que demonstram a forte identidade com o local onde são produzidas as uvas, com um refinamento que conquistou o consumidor e os críticos internacionais. Seu mais recente lançamento no Brasil é o Dinâmica branco, que ela elabora junto com o marido, o sommelier belga William Wouters, presidente da ASI (Associação Internacional de Sommeliers).

Trata-se um branco que mistura as uvas Bical (80%) e Arinto (20%), duas típicas da Bairrada. Todo o processo de elaboração é minucioso e artesanal: a colheita é manual, a prensagem dos cachos de uvas acontece com eles inteiros, a fermentação ocorre com as leveduras da própria uva e 10% é fermentado em barricas de carvalho francês (500 – 600 litros). Mas o que significam todas essas considerações técnicas?

Que para Filipa Pato um vinho bom começa a ser elaborado no vinhedo, com os cuidados que a planta recebe, e que nenhuma das características do produto deve ser maquiada. “Minha dedicação primordial é ao vinhedo, onde passo 70% do meu tempo, pois acredito que com uvas saudáveis tudo se torna mais fácil na adega e não é preciso maquiar as uvas”, diz Filipa.

Sustentabilidade

Desde 2014 os vinhedos estão em processo de conversão à biodinâmica e ela não usa herbicida desde 2009. O resultado tem sido excelente. “Usamos animais nas vinhas, como é o caso das ovelhas, que pomos lá entre novembro e fevereiro, quando ainda não há folhas nas videiras”, conta. “Elas comem a erva toda. E também servem para fertilizar naturalmente o solo. E, na primavera, na altura em que temos o ataque dos caracóis, levamos para lá as galinhas. Sou química de formação, mas nas minhas vinhas e nos meus vinhos não há produto químico”, completa. Até as rolhas que vedam todos os vinhos da vinícola são de cortiça natural de floresta biológica.

 O nome Dinâmica do vinho representa a dinâmica entre a videira, a fauna e a flora ao seu redor”, continua. “Mostra que nestas vinhas, ao contrário da maioria das regiões do mundo, não há monocultura, existem oliveiras, pinheiros, figueiras e arbustos que protegem a videira e atraem animais de várias espécies. A biodiversidade é sempre uma prioridade e cria uma dinâmica especial e única. Os nossos vinhos são o reflexo desse ecossistema criado ao longo dos anos durante os quais nos dedicamos à revitalização e preservação das espécies autóctones, sem maquilhagem de herbicidas ou pesticidas”, finaliza.

O resultado é um vinho branco extremamente elegante, que sugere aromas de frutas brancas como peras, com notas de iodo e tomilho. Seus sabores são refinados, com muita mineralidade e uma espécie de salinidade devido à proximidade ao Oceano Atlântico. É um vinho seco, frutado e com acidez persistente. Sugere-se harmonizar com queijos frescos de cabra e ovelha, peixe cru, marinado ou marisco, aves grelhadas e cozinha mediterrânea.

Recentemente, o vinho Nossa Calcário tinto 2018 recebeu 93 pontos de Robert Parker. A safra 2016 deste mesmo vinho ganhou 96 pontos do crítico – o primeiro vinho da Bairrada a receber uma pontuação alta como essa da publicação norte-americana. - Fotos divulgação.

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