O
espumante brasileiro abriu as portas para o mundo. O reconhecimento
da qualidade das borbulhas ‘brazucas’ é fato consumado,
defendido por críticos internacionais e avalizado pelas milhares de
medalhas mundo afora, se confirmando no avanço das exportações e
no aumento do consumo interno. Foi com esta bebida que as vinícolas
conseguiram espaço para mostrar o que vêm fazendo em relação aos
vinhos tranquilos. E o que se vê nos últimos anos é um crescimento
contínuo na valorização deste produto. Das 259 medalhas
conquistadas em 2019, 37% foram para vinhos tranquilos, uma
representatividade nunca antes alcançada.
A
Associação Brasileira de Enologia (ABE), que atua focada na
qualificação do enólogo e, consequentemente, na qualidade e
promoção do vinho brasileiro, acompanha bem de perto esta evolução,
tanto na coordenação do envio das amostras para concursos
internacionais quanto pela Avaliação Nacional de Vinhos, que
analisa cada safra há 28 anos, servindo de termômetro e parâmetro
para os avanços do setor.
“Nos últimos 10 anos fomos presenteados
com safras espetaculares. Este ano, então, foi excepcional, tanto
que a chamamos de ‘A Safra das Safras’. Nós, enólogos, e
vinícolas, não perdemos tempo. Avançamos, evoluímos, e muito em
tão pouco tempo, em tecnologia e conhecimento, aproveitando o que a
mãe natureza nos deu. O resultado está aí para todos degustarem e
vem agradando cada vez mais apreciadores de vinhos”, comemora o
presidente da entidade, enólogo Daniel Salvador.
Ele
alerta os consumidores para que descubram rótulos nacionais dos
últimos anos, destacando a Safra de 2018 e agora a de 2020 que logo
estará no mercado. “Se compararmos o Brasil a países do Velho
Mundo, tradicionais na elaboração de vinhos como Portugal, França,
Espanha e Itália, podemos dizer que evoluímos 100 anos em 10 anos.
Tanto que somos convidados a participar de concursos mundiais com a
chancela da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, entidade
com sede em Paris que está sob a presidência da brasileira Regina
Vanderlinde. Ou seja, temos voz no mundo dos vinhos e isso nos
orgulha e nos move a seguir investindo”, ressalta.
Este
avanço refletiu diretamente no consumo interno, rompendo pela
primeira vez a barreira dos 2 litros per capita no ano passado. Já é
algo a comemorar, mas se comparado a Portugal, por exemplo, que
lidera o ranking segundo a OIV, onde o consumo per capita ultrapassa
os 60 litros, o Brasil tem muito para crescer. Em 2019, o consumo
total no Brasil foi de 380,4 milhões de litros, destes pouco mais de
100 milhões são de vinhos finos, onde a produção nacional é de
apenas 50 milhões de litros.
Diversidade,
qualidade e preço
Esta
tríplice de fatores tem influenciado diretamente a quebrar
paradigmas em relação ao vinho brasileiro, que passa a ser mais
valorizado no mercado interno. Com a pandemia, o hábito de apreciar
um vinho em casa não apenas levou o consumidor a pesquisar e comprar
mais pela internet como nos supermercados, como também vem
permitindo conhecer melhor o que o Brasil tem feito. “Vinho é
cultura, é arte, é história, é experiência.
O melhor a fazer é
provar diferentes rótulos para conhecer as preferências do próprio
paladar. E sugiro, ainda, fazer isso entre amigos e às cegas,
evitando preconceitos e fazendo novas descobertas. Façam isso com
rótulos de diferentes procedências e verão que o Brasil dos vinhos
é orgulho nacional”, provoca Salvador.
Além
da qualidade, a diversidade de estilos também é um chamariz para
quem aprecia vinhos e busca por novidades, característica peculiar
ao Brasil que, por muitos especialistas, é considerado um continente
diante das variantes de solo e clima do país. Hoje, são 26 regiões
produtoras em 10 estados brasileiros e cada uma com suas
particularidades. E para quem diz que o vinho brasileiro é caro, o
mercado mostra que existem dezenas de opções de bons rótulos a
partir de R$ 20, avançando conforme a categoria. Grande parte oscila
entre R$ 40 e R$ 60, com excelente relação custo-benefício.
Imagens:
Divulgação ABE e Marian Guimarães.
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